top of page
Antes de entrar na minha espaçonave e partir rumo à Nebulosa de Órion, antecipo que a escrita de Agildo Monteiro, particularmente em O Amor do Fantasma, apresenta uma linha aventuresca, noir, envolta em mistérios.
#OuZeSaber!
Por intermédio de contatos imediatos de terceiro grau, recebi um exemplar do romance O Amor do Fantasma, Editora Acadêmica das Letras, em vias de ser lançado para o grande público. O livro é de autoria de Agildo Monteiro, escritor oviniano do município de Colares, uma ilha da microrregião do Salgado, no Pará.
A leitura me abduziu para um cosmo de entrecortes históricos (e pouco conhecidos) sobre a vida amorosa de uma figura controversa do Pará: Magalhães Barata, militar, político engenhoso e ex-governador; personagem tão marcante no imaginário popular que mereceu um monumento em Belém: o Memorial Magalhães Barata, alcunhado de Monumento do Chapéu do Barata, inaugurado em 1989. Atualmente, sem cuidados, sem destaque, sem os restos mortais do Barata, sem muita visibilidade apesar de visível.
Que, entre outros fins obtidos, o livro de Agildo lance holofotes sobre o Memorial que, dado o descaso, lembra mais uma pedra dantesca em uma das curvas de Belém.
Tal e qual aquele afamado juiz israelita, conhecido por sua força descomunal e madeixas organizadas em tranças, Magalhães Barata tinha em sua vida uma Dalila, no caso, a Dalila Ohana.
É sobre esses dois personagens que O Amor do Fantasma discorre; uma genuína ficção, com pinceladas de fatos históricos, acontecimentos curiosos e alusões ao livro escrito pela própria Dalila (este sim, um relato biográfico da convivência com o Barata).
O Amor do Fantasma trata sobre a volubilidade do poder, a hipocrisia religiosa, a decadência de um mito, a memória garatujada na pele de Belém, questões sobre a união estável, o amor que transpassa a morte, tudo bem amarrado e narrado sob a lupa do insólito.
Houve momentos em que a descrição do personagem do Barata me recordou a construção alegórica de Fernando Pessoa, pelas hábeis mãos de José Saramago, em O Ano da Morte de Ricardo Reis. O autor português e o autor paraense empregam um tom melancólico para seus personagens. Outro item em comum: Pessoa e Barata eram adeptos do uso de chapéus.
Agildo Monteiro tomou uma ótima decisão ao não dar uma conclusividade para a narrativa. Se eu fosse um desses coachs caça níquel, expressaria um trava-língua com ares de fina intelectualidade: a inconclusão é a única conclusividade conclusa da vida humana.
Não ingressarei a fundo nas informações, para não dessalgar as surpresas e reviravoltas que aguardam os leitores. Para conhecer o tudo do todo, indico uma ida à fonte: ao livro.
Você deve ter notado os easter eggs sobre extraterrestres com que comecei este texto. Pretendi informar, e informo, que o livro será lançado na data 22/07/2023, no Sebo Livraria, em Colares, município conhecido nacionalmente por relatos de aparições de OVNI’s, ao ponto de se tornar ativo turístico. Por lá, é normal encontrar estátuas de ETs em praças públicas, casas e estabelecimentos comerciais.
Se a Ilha do Marajó pertence aos búfalos, e os marajoaras apenas ocupam-na na condição de intrometidos; a Ilha de Colares é dos marcianos, e os colarenses lá vivem apenas como observadores do fausto.
Estarei presente no concorrido lançamento.
Dividiremos os espaços do Sebo Livraria com o fantasma do Barata, com o espectro de Dalila, com esculturas marcianas, com os plutonianos e saturninos, com alguma missão estelar vinda de galáxias vizinhas, mas ficaremos bem. Tenho medo maior do povo politiano dos anéis de Brasília do que dos alienígenas de Colares.
Antes de entrar na minha espaçonave e partir rumo à Nebulosa de Órion, antecipo que a escrita de Agildo Monteiro, particularmente em O Amor do Fantasma, apresenta uma linha aventuresca, noir, envolta em mistérios. Então, quem aprecia Robert Louis Stevenson, irá se esbaldar.
Ponha o traje de banho e mergulhe no romance escrito por esse colarense do mundo — e depois, nas lindas praias de Colares.
Vamos.
Quem chegar por último, casa com o Chewbacca, e leva um peteleco do Yoda!
Franciorlis ViannZa, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região.
Anúncio
MAIS COLUNAS
bottom of page