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- CHAMADA PARA ARTISTAS: Nortear lança workshop gratuito de teatro musical em Belém
Um espaço jornalístico que tem como proposta divulgar notícias de arte, e atividades sociais e culturais como: cinema, teatro dança, exposições, música, palestras/seminários e ações sociais. / / Notícia 27 de nov. de 2025 CHAMADA PARA ARTISTAS: Nortear lança workshop gratuito de teatro musical em Belém As inscrições vão até 30 de novembro , através do preenchimento do formulário disponível Imagem: d ivulgação. Por Vagner Mendes — Belém(Pará), Amazônia. 27/11/2025 - 07h00 Com o objetivo de incentivar a profissionalização e fortalecer a cena cultural paraense, a Nortear Produções & Estúdio faz uma chamada aberta para artistas locais para a seleção do projeto “Vem Nortear – O Teatro Musical do Norte pro Mundo” , um workshop gratuito de teatro musical destinado a artistas de Belém que desejam aprimorar suas habilidades artísticas. As inscrições vão até 30 de novembro , através do preenchimento do formulário disponível no link: disponível aqui. O projeto selecionará 10 participantes por meio de uma audição e oferecerá, ao longo de 5 semanas e de forma gratuita, treinamento intensivo em canto, dança e atuação. Os artistas selecionados também farão parte do elenco de uma websérie de teatro musical. Anúncio “O Vem Nortear surgiu a partir da observação de uma necessidade de profissionalização dos profissionais de teatro musical de Belém. Percebemos que para nós nos profissionalizarmos, tínhamos que sair do estado, ir pro eixo Rio/São Paulo, mas percebemos que temos profissionais aqui que são capacitados para esse objetivo. Nós pretendemos estabelecer um padrão de qualidade de ensino onde os artistas locais não sintam necessidade em sair do estado”, declara Yasmim Miranda , artista e cofundadora da Nortear Produções & Estúdio. Serviço: Workshop: Vem Nortear - O Teatro Musical do Norte pro Mundo. Inscrições até 30 de novembro. Via preenchimento de formulário online - DISPONÍVEL AQUI . Mais informações: @nortearproducoes #Workshop Compartilhe Facebook X (Twitter) WhatsApp Copiar link Anúncio Saiba mais MAIS CULTURA AMAZÔNIA Revogação da Lei 10.820/24: a preservação da educação e cultura dos povos originários PARÁ Documentário 'Artesãos da Floresta' destaca o trabalho dos moradores do Tapajós BELÉM Festival Psica 2025 anuncia as datas da grande celebração da cultura Pan-Amazônica Anúncio Saiba mais # COLU NAS OU Z E Uma Academia de Letras para os Marajós Franciorlis ViannZa - Escritor CRÔNICAS Aldir, o mestre-sala das letras geniais Paulo Ferreira - Escritor e Jornalista Anúncio Anúncio Antes Seguinte
- A Imitação do Vento encerra turnê com visibilidade nacional e show final em Belém
Um espaço jornalístico que tem como proposta divulgar notícias de arte, e atividades sociais e culturais como: cinema, teatro dança, exposições, música, palestras/seminários e ações sociais. / / Notícia 4 de dez. de 2025 A Imitação do Vento encerra turnê com visibilidade nacional e show final em Belém A circulação combinou formação musical, presença territorial e experimentações estéticas, consolidou o álbum em novas rotas de escuta Imagem: d ivulgação. Por Jaqueline Ferreira — Belém(Pará), Amazônia. 04/12/2025 - 07h00 Depois de passar por Castanhal, Cotijuba e Benevides com encontros formativos e apresentações que fortaleceram vínculos e consolidaram público, o projeto A Imitação do Vento chega ao seu desfecho com a maturidade de uma temporada que ultrapassou expectativas. A circulação combinou formação musical, presença territorial e experimentações estéticas, consolidou o álbum em novas rotas de escuta. “A temporada foi muito bem sucedida. De público, de recepção, de energia nos lugares. Já cumprimos todo o previsto no projeto, e Belém chega como algo a mais, é como um presente, uma celebração”, resume Mateus . Anúncio Agora, o público de Belém tem a chance de assistir à última apresentação desta temporada, no dia 6 de dezembro, no Casarão do Boneco, em uma noite que será gravada e eternizada em vídeo. A entrada, como em todas as outras apresentações, será gratuita, e, nesse caso, em duas sessões: a primeira, às 19h, e a segunda, às 21h. Depois do carimbó, a anfitriã assume a festa e recebe convidados especiais na roda, como a cantora Olívia Melo e a Escola de Samba Guardiões do Samba da Pedreira , cantando clássicos do samba, samba enredo, música de terreiro e demais sucessos populares. Serviço : A IMITAÇÃO DO VENTO, de @mateusmourainsta Dia: Sábado (06/12) 1ª sessão às 19h, 2ª sessão às 21h Local: @CasarãoDoBoneco - Av. 16 de Novembro, 815 - Batista Campos-Belém. Com @PedroImbiriba_ e @SonyraBandeira , e participação de @RenatoTorres , @OtâniaFreire , @Cacau_Novais e @ÍrisDaSelva . Gratuito. #Projeto Compartilhe Facebook X (Twitter) WhatsApp Copiar link Anúncio Saiba mais MAIS CULTURA AMAZÔNIA Revogação da Lei 10.820/24: a preservação da educação e cultura dos povos originários PARÁ Documentário 'Artesãos da Floresta' destaca o trabalho dos moradores do Tapajós BELÉM Festival Psica 2025 anuncia as datas da grande celebração da cultura Pan-Amazônica Anúncio Saiba mais # COLU NAS OU Z E Uma Academia de Letras para os Marajós Franciorlis ViannZa - Escritor CRÔNICAS Aldir, o mestre-sala das letras geniais Paulo Ferreira - Escritor e Jornalista Anúncio Anúncio Antes Seguinte
- 404 | Estante Cultural
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- A ORIGEM DO PROJETO DE SUBVENÇÃO SOCIAL DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO PARÁ - a história passada a limpo
A verdade é comprovada e a falácia é desbaratada pelos registros dos acontecimentos. / < Voltar A ORIGEM DO PROJETO DE SUBVENÇÃO SOCIAL DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO PARÁ - a história passada a limpo Franciorlis ViannZa 18 de out. de 2023 A verdade é comprovada e a falácia é desbaratada pelos registros dos acontecimentos. #OuZeSaber ! O tempo é um grande aliado da verdade, ou um sagaz comparsa da falácia, depende de quem estiver com a espada em punho. Por essa razão, fatos precisam ser bem registrados, preferencialmente em publicações. Diante da palavra escrita, virtual ou impressa, o uso ou mau uso do tempo esbarra em um forte obstáculo: a comprovação. A verdade é comprovada e a falácia é desbaratada pelos registros dos acontecimentos. Ao escrever este registro, a ampulheta contabiliza a passagem de cerca de um ano desde que um grupo de escritores e escritoras adentrou no gabinete do então Deputado Dr. Jaques Neves (União Brasil), na ALEPA, e requereu sua parceria para um projeto arrojado e necessário: um projeto de lei com o objetivo de proporcionar subvenção social para todas as Academias de Letras dos muitos Parás dentro do Pará. Para os anais da história, serei preciso quanto a data da reunião inicial: 10 de agosto de 2022. O primeiro pelotão de escritores e escritoras teve a seguinte composição: Hélio Santos (Secretário Geral da FALPA/ Presidente da Academia Barcarenense de Letras); Dalva Paixão (Tesoureira da FALPA/ Presidente da Academia Salinopolitana de Letras); Alexandre Cunha (Conselheiro Fiscal da FALPA/ Academia Curuçaense de Letras e Artes); e eu, Franciorlis ViannZa (Presidente da FALPA/ Membro da Academia Castanhalense de Letras). Por uma característica pessoal, sou extremamente preocupado em manter acervo dos momentos, projetos e eventos nos quais me envolvo. Grande parte desse cabedal literário está publicado em meu canal no Youtube (Viannza TV), e em centenas de postagens em redes sociais e páginas de notícias. Em reuniões subsequentes, os autores, que doravante identificarei como acadêmicos (por serem todos membros de academias de letras), se revezaram. Destaco a presença de Ernesto Feio Boulhosa (Academia Ponta-pedrense de Letras), Mário de Almeida (Academia Castanhalense de Letras), Vanderlei Castro (Presidente da Academia Brevense de Letras), Rita Sanches (Academia Brevense de Letras) e, novamente, Alexandre Cunha; este último, teve grande importância no debate e formulação do texto base do Projeto de Lei. Alexandre é membro do IHGP, e compôs a diretoria da extinta APE [Associação Paraense dos Escritores]. Ou seja, possui vasta bagagem na elaboração de estatutos e afins A partir deste parágrafo, utilizarei uma técnica da produção ficcional: o salto no tempo, a alinearidade. As semanas que antecederam à articulação junto ao referido Deputado Estadual, merecem espaço nesta coluna. Depois retomo a cronologia dos fatos. Prometo! Em junho de 2022, recebi mensagem da acadêmica Rosa Peres (Vice-Presidente da FALPA/ Academia de Letras de Rondon do Pará e Região/ Secretária de Cultura de Rondon do Pará) que me pôs a par de um projeto de lei recém aprovado no Maranhão, e que beneficiava os silogeus maranhenses - o PL n.º 121/22. Após lê-lo, inteirar-me, e ficar fascinado com a iniciativa dos nossos irmãos maranhenses, sob a direção do então Governador Flávio Dino, enviei resposta para a Rosa: "Vamos articular para termos um projeto desses no Pará também. Com todo o respeito ao Maranhão, o Pará possui um número maior de Academias, e estas academias estão integradas ao ponto de fundarem uma Federação de Academias de Letras, a FALPA. Em face da larga contribuição das academias paraenses com a cultura dos diversos rincões do estado, nada mais justo que desfrutarem de subvenção para ajudar em seus projetos, que fazem imenso bem para os municípios onde atuam". Entrou em cena: Dalva Paixão, acadêmica que à época assessorava o Dr. Jaques Neves, uma profissional elogiada e competente. Por intermédio dela, aproximamo-nos do parlamentar. Na condição de Presidente da FALPA, coube-me as tratativas com o chefe de gabinete, assessores jurídicos e finalmente com o próprio Deputado. Dr. Jaques nos recebeu com extrema atenção. Sensível aos motivos expostos pelos representantes da Federação, acolheu o pleito e decidiu tomar à frente do então Projeto de lei das Academias paraenses; que não poderia ser inicialmente um projeto de lei, em face de o Poder Legislativo ser impedido de gerar despesas para o Poder Executivo. Após diligente trabalho de consultas jurídicas, a assessoria optou pelo formato "Projeto de Indicação", uma modalidade prevista em lei. O Projeto de Indicação 040/2022 apresenta sugestão para o Executivo acerca de subvenção social para as academias paraenses. Cabe ao Governador sancionar ou não. Houve detratores que, após o P.I. aprovado na ALEPA, destilaram críticas e empreenderam defesas emotivas sobre uma possível inconstitucionalidade do projeto. O PI foi constitucional em toda a sua tramitação. A sociedade paraense tem o direito à verdade: todo projeto em curso na ALEPA passa por comissões parlamentares, que podem acatar, rejeitar e indicar alterações. A primeira comissão é a CCJ, Comissão de Constituição e Justiça, que é encarregada exatamente de avaliar a constitucionalidade ou não de um projeto. Se a CCJ considerar inconstitucional, um projeto nem segue para outras etapas. Como conferível no site da ALEPA, o PI das Academias de Letras foi aprovado pela CCJ por unanimidade e sem modificações. O texto que foi refinado e traduzido para o linguajar jurídico pela assessoria do Dr. Jaques, após uma construção coletiva de todos os Presidentes e Vice-presidentes dos silogeus paraoaras, foi aprovado com louvor. Deixo a modéstia de lado um pouco, e evidencio, como uma página bonita da minha história, que cada reta e curva do texto base do PI passou por estas mãos que a terra há de comer, em noites adentro de revisão e ponderação sobre os itens mais favoráveis, dentro do possível, para os silogeus paraenses. Naquelas horas de leitura e avaliações, pesou sobre mim a responsabilidade de buscar o melhor para as academias que me confiaram a presidência da primeira Federação de Academias de Letras municipalistas independentes do Brasil. De coração descoberto, tento ser o melhor que posso como Presidente, mas sei que sou bem menos do que as Academias de Letras paraenses merecem. Tenho viajado por este estado, conhecido as lutas de cada silogeu, e sei que em muitos lugares, os municípios veem as academias como bastiães do livro e leitura. Não fosse os trabalhos de formiguinhas delas, a literatura penaria muito mais do que pena para ter circulação, publicação, feiras e festas literárias. O Pará é um solo fértil para lutadores e lutas culturais, homens e mulheres com sangue cabano na imaginação, nos braços e nos corações. E também é uma terra fértil para o surgimento das associações sem fins lucrativos que conhecemos como Academias de Letras. Só no quadro da Federação, são 32 academias-membro. Em curso, uma dezena de arcádias espalhadas Pará afora. Todas as regiões administrativas desfrutam dos trabalhos de academias. As 10 cidades paraenses mais socioeconomicamente desenvolvidas possuem academias. E cada vez mais, proliferam como uma estratégia para união entre artistas e fortalecimento da luta cultural. Por exemplo, em curso, a Academia Marajoara de Letras, que agregará todos os 17 municípios do arquipélago do Marajó; a Academia de Letras da Transamazônica, agregando cidades como Anapu, Pacajá, Tucuruí e outras ao longo da rodovia; a Academia de Ipixuna do Pará. Hora de regressar ao tempo cronológico: desde a protocolização do PI, a Federação acompanhou o processo de perto, em tempos de mudança eleitoral. Com a não reeleição do nosso parceiro Dr. Jaques, o projeto entrou em um período estanque. Decidimos aguardar o ano seguinte e a nova composição da ALEPA, para continuarmos a luta. Nesse ínterim, visitei nossos confrades e confreiras da bela cidade de Breves, no Marajó. Na ocasião, conheci a Deputada Andréia Xarão, primeira mulher marajoara em cargo eletivo na ALEPA, e seu esposo, Xarão Leão, Prefeito de Breves. Com o apoio do acadêmico Vanderlei de Castro, brevense muito respeitado e admirado no município, informei e pedi o apoio da Deputada Andréia para o PI. De pronto, essa guerreira ribeirinha acolheu o apelo. Fomos recebidos pela Andréia Xarão em seu gabinete para uma conversa franca sobre o cenário literário do Pará, sobre as necessidades das academias de letras paraenses, e sobre a importância do PI. Ribeirinha valente e batalhadora, Andréia Xarão embarcou na rabeta do PI, ligou o motor do processo, e a embarcação rumou rio acima. Puc-puc-puc-puc! A Deputada Andréia trabalhou incansavelmente para acelerar o PI, que foi pautado para votação em turno único na data 13.06.2023. Nos bastidores, a Deputada demonstrou imensa habilidade de articulação e convencimento junto aos seus pares. Graças aos esforços dela, a rabeta do PI atracou firme no plenário da ALEPA. Na manhã da votação, as academias atenderam ao convite da Federação para ocupar a galeria da ALEPA. Cerca de 13 academias, e mais de 50 acadêmicos vindos de municípios como Breves, Ponta de Pedras, Castanhal, Santa Izabel do Pará, Bragança, Ananindeua, Parauapebas, Belém, Salinópolis e Curuçá. Os imortais paraenses fizeram história na Assembleia! Meus agradecimentos às demais academias que, devido à distância, não puderam estar fisicamente presentes, mas enviaram apoio e boas energias. O PI das Academias de Letras foi aprovado unanimemente pelos deputados. A aprovação do projeto foi antecedida por palavras carinhosas da Deputada Cilene Couto, da Deputada Lívia Duarte, e por um discurso vibrante de Andréia Xarão em defesa das academias, e da aprovação do PI. Na galeria, as academias comemoraram a aprovação do PI. Cena bonita: um mosaico de pelerines, opalandas e fardões nas cores e saberes dos Parás. Claro, o projeto precisa de sanção do Governador. Mantemos a confiança nos trabalhos da Deputada Andréia Xarão e na sensibilidade do Governador Hélder Barbalho. Enquanto isso, a Federação segue seu dever funcional de representar as academias a nível de estado, de articular a integração entre os silogeus paraenses e de incentivo ao livro e leitura. A verdade é como escrevi, disto são testemunhas centenas de pessoas, as mais de três dezenas de academias da FALPA, autoridades públicas, as redes sociais, matérias em jornais e televisão. Tudo compõe um tomo de registros, para que hoje, ou no futuro, nem uma falácia furte o protagonismo que as Academias de Letras do Pará, por intermédio da Federação, tiveram, concernente a idealização, discussão, articulação, elaboração e trâmite do PI. Um fracasso é um filho pródigo; o sucesso encontra pretensos pais e mães por toda parte - até entre os que não gestaram, pariram e criaram. Empunhemos o tempo com ética, moral e postura acadêmica. Mas se impelidos por forças sorrateiras, consultemos as comprovações facilmente pesquisáveis Google afora. Bendito é o Google do teu enter! Hosanas à fibra ótica! Franciorlis ViannZa, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região. Compartilhe Facebook X (Twitter) WhatsApp Copiar link Anúncio MAIS COLUNAS ACERVO Olga Savary: uma mulher entre livros e lembranças CRÔNICAS Avião sem banco, cinto e porta OUZESABER Literatura outsider Antes Seguinte
- A injustiça praticada no Pará. Aquisições de livros por parte de órgãos públicos. Entre CNPJ e CPF
Não se deve esperar que os autores saibam dividir com igualdade um bolo de laranja; o bolo deve vir previamente dividido para que todos tenham sua fatia devida, sem rinhas. / < Voltar A injustiça praticada no Pará. Aquisições de livros por parte de órgãos públicos. Entre CNPJ e CPF Franciorlis ViannZa 19 de nov. de 2022 Não se deve esperar que os autores saibam dividir com igualdade um bolo de laranja; o bolo deve vir previamente dividido para que todos tenham sua fatia devida, sem rinhas. #OuZeSaber ! Lúcio Flávio Pinto tem alimentado seu blogue, de título homônimo, com várias publicações sobre aquisições de livros efetuadas pela Fundação Cultural do Pará e SECULT. Os valores apontados pelo jornalista são de deixar o queixo caído. Sussurro para você, amigo leitor: são na casa dos milhões de reais. Lúcio informa o nome das empresas que se beneficiarão com a ação da Fundação. A última postagem traz um título bem irônico, “Livros a granel”, e é datada de 02 de dezembro de 2022. O jornalista faz duras críticas ao fato de que as operações não disponibilizam informações pertinentes para a sociedade, como a quantidade de livros, títulos, autores, preços de capa e etc. Faço coro às críticas do Lúcio. Tornar transparentes os processos de compras de livros por parte de órgãos estatais é uma necessidade para equilibrar a balança desregulada dos investimentos no setor do livro e leitura nos muitos Parás dentro do Pará. Historicamente, tais investimentos beneficiam portfólios de editoras e distribuidoras da capital, com acervos majoritários de CEPs de Belém. Duas informações: primeira, na ponta do processo, o acervo é composto de poucos autores (a rigor, de “renome”); segunda, é comum os mesmos autores se repetirem entre as editoras metropolitanas, isto significa que, em tese, um mesmo escritor pode lucrar mais de uma vez. O autor selecionado pelas editoras e afins é um mercenário e crápula? Óbvio que não! Na mesma situação, eu aceitaria o negócio de cara. Livro é um produto simbólico e econômico. A distribuição isonômica de recursos públicos não é uma responsabilidade de autores, mas sim do Estado. Não se deve esperar que os autores saibam dividir com igualdade um bolo de laranja; o bolo deve vir previamente dividido para que todos tenham sua fatia devida, sem rinhas. As aquisições de livros realizadas no formato de pregão, tomada de preços, licitação para editoras, são injustas com a realidade do cenário literário do Pará. Nesse ponto, tanto autores da capital quanto do interior sofrem, e o que os distancia é somente a geografia do exclusor. Um autor, por exemplo, de Afuá precisará pegar um navio para chegar ao centro da exclusão, enquanto para o escritor de Belém basta pegar um expresso Rio Guamá. É injusto por qual motivo? Pelo simples fato de que em terras parauaras a maioria gritante dos autores se autopublicam e são, por definição de uso, independentes. Cada autor pega seu rico dinheirinho, procura uma editora ou gráfica, negocia em formato de “pacote fechado” e acabou, pega o livro e vira caixeiro viajante de sua própria produção. Assim sendo, a editora que o publicou não tem nenhum compromisso de, por ocasião de ser contemplada nesses pregões e tomadas de preço, inserir aquele livro no portfólio que se destinará a atender a demanda do órgão público, seja SECULT, seja FCP, seja qual for. Passemos o tema a limpo: essas ações apontadas pelo Lúcio Flávio Pinto não injetam recursos públicos no bolso da maioria dos escritores paraenses. Por isso, faz-se sim urgente que tais aquisições discriminem livro, autor e preço de capa. Desta forma, haverá um controle social para garantir que autores dos mais distantes e diversos rincões, que não dispõem de acordos verbais ou contratuais com editoras, tenham a chance de ver suas obras circularem. Certa feita, participei de reunião online com representantes de bibliotecas municipais paraenses e a Fundação Cultural do Pará, e tive a chance de me posicionar sobre o tema. Igualmente fiz em Castanhal, durante visita de escuta pela Fundação - pelo fato de essas aquisições injustas continuarem a fluir, significa que o processo de escuta falhou na devolutiva. Aproveito para pedir o apoio de Prefeitos, Secretários de Cultura e Educação, escritores e escritoras, para lutarem pela produção literária local. Rejeitem o recebimento de livros que não abranjam obras e autores da cidade, da região, do interior. Todas essas aquisições precisam ser distribuídas pelos municípios, para alegação de políticas aplicadas em todo o Pará— o velho marketing. Se os livros dessas compras forem devolvidos, mostraremos o que já sabemos: que o interior deixou de ser bobo há muito tempo. É triste pedir que municípios devolvam livros. Mas me parece uma estratégia eficiente, que, a longo prazo, incrementará a economia do livro em nível estadual. Um protesto importante e que mudará a forma de relacionamento entre órgãos culturais da capital e o interior. Para esse processo de devolução, utilizem um critério: indaguem ao remente se há livros de autores locais entre os exemplares doados para a cidade. Pergunta singela e letal. Para os órgãos públicos citados nesta coluna, articulem maneiras legais para vencer os obstáculos da aquisição direta do autor. Enquanto não houver compra por CPF, não se pode falar em projetos que desenvolvam a literatura paraense, uma vez que este estado é uma seara de trabalhadores que lutam sozinhos para tirar seus livros das gavetas. Não sou contra a aquisição por via de CNPJ. Entendo que editoras, sebos, livrarias e distribuidoras são partícipes da economia do livro. Fazem jus ao incentivo público. Reforço, porém, que o cenário cultural paraense é de escritores e escritoras independentes. “Finalmentes”, quando nossos gestores culturais discutirem verbas destinadas para aquisição de obras literárias, lembrem-se de contemplar dois eixos: CNPJ e CPF. Um bom exemplo exitoso é a parceria entre a SECULT e o SESC-PA para aplicação da Lei Aldir Blanc. O SESC efetuou compra de livros de livrarias, editoras e afins, e de autores, por intermédio de edital de ampla concorrência. Mas, Z, as leis restringem compra direta de pessoa física, exigem emissão de nota fiscal, ou que sejam MEI! Ora, ora, senhores e senhoras! Quando há disposição política e interesse pelo bem comum, caminhos são encontrados ou abertos. Mas para quem não deseja se mover do lugar nem mesmo cartografias de néon são suficientes para convencer a caminhar. Caminhemos. Vamos que bora logo. Franciorlis ViannZa, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região. 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- Academia de Letras de Belém (ALBEL) é uma grata realidade
Bons ventos para um pleito fundamental no segmento do livro e leitura: a consciência de classe. / < Voltar Academia de Letras de Belém (ALBEL) é uma grata realidade Franciorlis ViannZa 8 de ago. de 2024 Bons ventos para um pleito fundamental no segmento do livro e leitura: a consciência de classe. #OuZeSaber ! Recebi convite para a cerimônia de posse/diplomação da Academia de Letras de Belém, a ALBEL. O evento ocorrerá no auditório do Palácio Antônio Lemos, em 10 de agosto de 2024, a partir das 17h. Sinto-me feliz por este momento especial e histórico para a cultura de Belém, o dia em que a capital paraense terá o ato simbólico de estabelecimento de um silogeu municipal - momento de rito, de tradição, como manda o folhetim, pois, na prática, a Academia de Belém está fundada desde outubro de 2023, inclusive encontra-se devidamente registrada em cartório, com CNPJ em pleno vigor jurídico. Pela diligência em legitimar a entidade e a condução do processo de criação, parabenizo a diretoria da ALBEL na pessoa de Rui do Carmo, Presidente, Rita Melém, Vice-Presidente, e demais diretores e diretoras. Destaque para Anne Cavalcante, guerreira da Academia de Letras de Ananindeua, que tem atuado com expertise e companheirismo junto aos acadêmicos da ALBEL. Academia ajuda academia, escritores colaboram com escritores. Sinal de novos tempos na literatura paroara.s. A ALBEL inicia sua jornada com inclusão e diversidade, com representantes de vários segmentos de Belém, e atenção especial com a cultura produzida na periferia da capital. Lança precedente para resolução de uma velha e atual questão: o necessário equilíbrio de gênero entre os imortais. A Academia de Belém adotou um estatuto paritário. 20 homens e 20 mulheres, e, ainda, 10 cadeiras destinadas à diversidade compõem o quadro do silogeu. 50 intelectuais (30 agora. Atenção, interessados: há vagas!) representarão a vasta gama presente e pretérita dos grandes escritores e escritoras de Belém. Bons ventos para um pleito fundamental no segmento do livro e leitura: a consciência de classe. Escritores também vão à luta, também se organizam e promovem ações de difusão, valorização e fortalecimento da cultura. A ALBEL tem tudo para fazer a diferença no cenário literário de Belém, pois dispõe de vontade, garra, capacidade de mobilização e pessoas comprometidas com a magia da Palavra. Faço votos de sucesso para a Academia de Belém, com o desejo de que ela mantenha a fraternidade e proximidade com as demais academias paraenses. Dessa feita, teremos um contexto sonhado por Ruy Barata. O autor de "Nativo de Câncer" presidiu, em 1980, a Associação Paraense de Escritores (APE), que visou, assim como o atual movimento de Academias de Letras, unir autores paraenses em torno de um bem comum: a melhoria do cenário do livro no Pará. Idos de 80, este colunista sequer havia nascido (fatídico que ocorreria, sem confetes, em novembro de 1983). A APE se extinguiu quando eu ainda aguardava, toda manhã, a Xuxa voar em sua nave espacial de mentira. Mais de 40 invernos passaram, e hoje estamos aqui, uns 300 espartanos espalhados Pará afora. Alimento a imaginação de que o velho Ruy se sentiria feliz ao ver o fruto do trabalho de escritores e escritoras que descobriram a força óbvia do associativismo. Talvez Ruy torcesse o nariz para o fato de que Academias de Letras estão capitaneando o movimento. Ruy mantinha restrições e reservas com as casas de Machado de Assis e do Barão de Guajará. Peço ao Ruy (um cheiro aí em cima, camarada!) e ao povo paraense que olhe com atenção e sem estereótipos para os trabalhos que os silogeus paraenses têm realizado: feiras, congressos, festas literárias, concursos de novos talentos, lançamentos de livros, projetos em escolas, entre outros. O labor das academias, a acessibilidade delas, e suas sensibilidades com os interesses comunitários são os melhores argumentos que posso utilizar em favor de uma ressignificação da relação entre sociedade e Academia. Como canta Lulu Santos: "Tudo muda o tempo todo no mundo". As Academias de Letras do Pará ainda não mudaram completamente, mas estão em processo de mudança, e afirmo, como Presidente da Federação das Academias de Letras do Pará, que cada academia está empenhada em desfazer a imagem de entidade hermética e bebedora de chá que o senso comum brasileiro criou ao longo do tempo. A ALBEL está aí para quem quiser constatar: o poder de agito cultural que uma academia manifesta quando seus membros trajam a beca da responsabilidade social. Franciorlis Viann Z a, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região. Compartilhe Facebook X (Twitter) WhatsApp Copiar link Anúncio MAIS COLUNAS ACERVO Olga Savary: uma mulher entre livros e lembranças CRÔNICAS Avião sem banco, cinto e porta OUZESABER Literatura outsider Antes Seguinte
- Notícia urgente! Extraterrestres e fantasmas serão avistados juntos na Ilha de Colares. As autoridades estão preocupadas
Antes de entrar na minha espaçonave e partir rumo à Nebulosa de Órion, antecipo que a escrita de Agildo Monteiro, particularmente em O Amor do Fantasma, apresenta uma linha aventuresca, noir, envolta em mistérios. / < Voltar Notícia urgente! Extraterrestres e fantasmas serão avistados juntos na Ilha de Colares. As autoridades estão preocupadas Franciorlis ViannZa 20 de nov. de 2023 Antes de entrar na minha espaçonave e partir rumo à Nebulosa de Órion, antecipo que a escrita de Agildo Monteiro, particularmente em O Amor do Fantasma, apresenta uma linha aventuresca, noir, envolta em mistérios. #OuZeSaber ! Por intermédio de contatos imediatos de terceiro grau, recebi um exemplar do romance O Amor do Fantasma , Editora Acadêmica das Letras, em vias de ser lançado para o grande público. O livro é de autoria de Agildo Monteiro , escritor oviniano do município de Colares, uma ilha da microrregião do Salgado, no Pará. A leitura me abduziu para um cosmo de entrecortes históricos (e pouco conhecidos) sobre a vida amorosa de uma figura controversa do Pará: Magalhães Barata, militar, político engenhoso e ex-governador; personagem tão marcante no imaginário popular que mereceu um monumento em Belém: o Memorial Magalhães Barata, alcunhado de Monumento do Chapéu do Barata, inaugurado em 1989. Atualmente, sem cuidados, sem destaque, sem os restos mortais do Barata, sem muita visibilidade apesar de visível. Que, entre outros fins obtidos, o livro de Agildo lance holofotes sobre o Memorial que, dado o descaso, lembra mais uma pedra dantesca em uma das curvas de Belém. Tal e qual aquele afamado juiz israelita, conhecido por sua força descomunal e madeixas organizadas em tranças, Magalhães Barata tinha em sua vida uma Dalila, no caso, a Dalila Ohana. É sobre esses dois personagens que O Amor do Fantasma discorre; uma genuína ficção, com pinceladas de fatos históricos, acontecimentos curiosos e alusões ao livro escrito pela própria Dalila (este sim, um relato biográfico da convivência com o Barata). O Amor do Fantasma trata sobre a volubilidade do poder, a hipocrisia religiosa, a decadência de um mito, a memória garatujada na pele de Belém, questões sobre a união estável, o amor que transpassa a morte, tudo bem amarrado e narrado sob a lupa do insólito. Houve momentos em que a descrição do personagem do Barata me recordou a construção alegórica de Fernando Pessoa, pelas hábeis mãos de José Saramago, em O Ano da Morte de Ricardo Reis . O autor português e o autor paraense empregam um tom melancólico para seus personagens. Outro item em comum: Pessoa e Barata eram adeptos do uso de chapéus. Agildo Monteiro tomou uma ótima decisão ao não dar uma conclusividade para a narrativa. Se eu fosse um desses coachs caça níquel, expressaria um trava-língua com ares de fina intelectualidade: a inconclusão é a única conclusividade conclusa da vida humana. Não ingressarei a fundo nas informações, para não dessalgar as surpresas e reviravoltas que aguardam os leitores. Para conhecer o tudo do todo, indico uma ida à fonte: ao livro. Você deve ter notado os easter eggs sobre extraterrestres com que comecei este texto. Pretendi informar, e informo, que o livro será lançado na data 22/07/2023, no Sebo Livraria, em Colares, município conhecido nacionalmente por relatos de aparições de OVNI’s, ao ponto de se tornar ativo turístico. Por lá, é normal encontrar estátuas de ETs em praças públicas, casas e estabelecimentos comerciais. Se a Ilha do Marajó pertence aos búfalos, e os marajoaras apenas ocupam-na na condição de intrometidos; a Ilha de Colares é dos marcianos, e os colarenses lá vivem apenas como observadores do fausto. Estarei presente no concorrido lançamento. Dividiremos os espaços do Sebo Livraria com o fantasma do Barata, com o espectro de Dalila, com esculturas marcianas, com os plutonianos e saturninos, com alguma missão estelar vinda de galáxias vizinhas, mas ficaremos bem. Tenho medo maior do povo politiano dos anéis de Brasília do que dos alienígenas de Colares. Antes de entrar na minha espaçonave e partir rumo à Nebulosa de Órion, antecipo que a escrita de Agildo Monteiro, particularmente em O Amor do Fantasma , apresenta uma linha aventuresca, noir , envolta em mistérios. Então, quem aprecia Robert Louis Stevenson , irá se esbaldar. Ponha o traje de banho e mergulhe no romance escrito por esse colarense do mundo — e depois, nas lindas praias de Colares. Vamos. Quem chegar por último, casa com o Chewbacca, e leva um peteleco do Yoda! Franciorlis ViannZa, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região. Compartilhe Facebook X (Twitter) WhatsApp Copiar link Anúncio MAIS COLUNAS ACERVO Olga Savary: uma mulher entre livros e lembranças CRÔNICAS Avião sem banco, cinto e porta OUZESABER Literatura outsider Antes Seguinte
- Literatura outsider
Que falta faz um sistema de circulação de obras e autores! / < Voltar Literatura outsider Franciorlis ViannZa 16 de nov. de 2022 Que falta faz um sistema de circulação de obras e autores! #OuZeSaber ! No mês de setembro, estive no município de Parauapebas, por ocasião do 2ª Baile dos Artistas, realizado no aconchegante espaço “Realce Eventos”, em evento coordenado pela Academia Parauapebense de Letras (APL), presidida pela escritora Terezinha Guimarães. Lá, encontrei com o poeta Charles Trocate. Horas antes, adquirira seu livro “1993”, e, ao ler de forma aleatória, fiquei instigado com estes versos: “É tão difícil dormir/com serpente nos olhos”, do poema “Casa das Árvores”. Enquanto conversávamos – em roda de amigos, no salão –, meditei sobre quantas dessas “serpentes” têm inquietado o sono dos nossos produtores culturais, como o Trocate; um poeta com obra reconhecida no Sul e Sudeste paraense (e até fora do Pará), mas invisível e excluído pela hegemonia dos grandes centros econômicos. Comuniquei-lhe que para ter seu livro em mãos tive que viajar cerca de 767 quilômetros. De outra forma, sua produção não teria chegado fácil ao meu acervo. Que falta faz um sistema de circulação de obras e autores! Sem uma política pública séria que promova um “encurtamento de distâncias” entre as produções culturais do estado, os muitos “Trocates” do interior serão sempre vistos como “ outsiders ” pelos “estabelecidos” de regiões como a minha: a metropolitana. Para esta literatura “ outsider ” (termo que empresto de Norbert Elias e John L. Scotson, com a conotação de "fora do sistema"), o caminho é de piçarra, de pedras, de sol, de pouca água, de sobras, de esperanças fraturadas, de voz sem escutas. Mas ninguém se engane! Os escritores dessa "literatura outsider ", do produto literário “ made in interior ”, não se permitem estagnar. Reinventam-se, utilizam estratégias, fundam academias de letras, clubes de leituras, sebos, provocam Prefeituras e Secretarias de Cultura para a realização de ações literárias, saltam o muro da solidão da escrita, e mobilizam a sociedade em geral (leitores críticos, empíricos, e até os pouco afeitos à leitura) para abraçar iniciativas que visam despertar a população para a importância do livro. Exemplo disso é o citado Baile dos Artistas, que movimentou um público animado com a produção local, disposto a festejar junto com os trabalhadores culturais de Parauapebas mais um ano de dores e glórias. Você deve estar se perguntado o que este colunista, caroço de tucumã da região nordeste do Pará, fazia entre os parauapebenses. A Academia Parauabepense de Letras me enobreceu com a entrega de troféu de Honra ao Mérito, por contribuição com o desenvolvimento cultural de Parauapebas. Entendo que o gesto da APL é resultado de uma semeadura realizada por muitos artistas paraenses. O que eles (nós) têm (temos) semeado? A aproximação entre os “ outsiders ”. Atitude legítima, motivada pela certeza que o interior tem uma força incrível, necessita apenas ter maior coesão entre os produtores culturais. Trocando em miúdos: é preciso entender que as barricadas são multiculturais e pluripolíticas, mas a luta é uma só: pela democratização de recursos e pela paridade de investimento no cenário cultural de todos os nossos rincões. Recorro ainda ao texto do Trocate: Para não contentar-me com a cena do [do espetáculo Sou só por ser pascer na cuca [dos ignorados Além do Baile dos Artistas, da noite de gala, da organização primorosa do evento, por parte da competente e elegante Terezinha Guimarães, das apresentações musicais, trouxe na memória uma imagem forte, e com ela encerro nossa conversa de hoje. Na passagem por Marabá, avistei ao longe a movimentação do comboio da empresa Vale, uma verdadeira “serpente” com centenas de vagões, todos abarrotados de minério. Do ponto em que avistei até a aproximação, consumi de 10 a 15 minutos de deslocamento. Passei embaixo da ponte de trilhos; sob o ventre da surucucu de ferro. Diante da visão daquele Colosso de exploração, só consegui imaginar as crateras que ficarão depois que o recurso mineral se esgotar. Concordo, Trocate: é impossível dormir deste jeito. Os perigos na Amazônia nos deixam insones, de coração alerta e palavras desembainhadas. Franciorlis ViannZa, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região. Compartilhe Facebook X (Twitter) WhatsApp Copiar link Anúncio MAIS COLUNAS ACERVO Olga Savary: uma mulher entre livros e lembranças CRÔNICAS Avião sem banco, cinto e porta OUZESABER Literatura outsider Antes Seguinte
- Dez segredos para uma vida equilibrada em 2024
Todo final de ano faço a limpa na minha vida para começar o novo ciclo com a bagagem leve. / < Voltar Dez segredos para uma vida equilibrada em 2024 Franciorlis ViannZa 30 de dez. de 2023 Todo final de ano faço a limpa na minha vida para começar o novo ciclo com a bagagem leve. #OuZeSaber ! Todo final de ano faço a limpa na minha vida para começar o novo ciclo com a bagagem leve. Encontro cada quinquilharia, cada treco que guardei por apego emocional, cada troço que perdeu a utilidade! Todo ano é a mesma trabalheira. Presumo que se eu ordenasse por etapas, solucionasse de imediato as demandas, e alinhasse o mínimo desalinho, talvez não sentisse o peso da arrumação. Não transpiraria tanto, em compensação, diminuiria o impacto da mudança. Gosto da ideia de estruturar, metodizar, planejar, estabelecer metas, afixar tachinhas em um quadro de etapas, programar meus compromissos em uma agenda virtual, construir um eneagrama de prioridades, espalhar post-its pelas paredes, teto e testa. Posturado e regrado, nutro a sensação de que tenho poder sobre o incontrolável: a torrente da vida. Se pudesse, dependuraria letreiros nas pontas das estrelas para não esquecer dos horários, dos encontros, das reuniões, dos eventos culturais, do tempo reservado para a escrita, para o happy hour com os colegas da empresa, para ser feliz. Entre os dias 26 e 30 de dezembro é o período sabático que tiro para desempoeirar minha biblioteca, para doar roupas e sapatos velhos, para reacender as memórias, para ressignificar as dores, para enxergar melhor o que assisti com olhos irascíveis, para domar os impulsos, os excessos, para me perdoar, para me censurar, para amadurecer. É um encontro entre o eu do velho o ano e o eu do ano surgente. Para este instante solene, costumo deixar o intelectual fora do octógono. Entro como alguém que tenha bebido a noite inteira para ter a coragem de vomitar verdades. Argumento, digo, grito, choro, gemo, soluço, expilo gosma pelo nariz, regresso à condição de recém-nascido. E – com raras exceções – nasço novamente para os 365 dias porvindouros. Tudo em seu devido lugar: estrutura, calendário e sensatez. Alinhado para que o novo ano traga suas inevitabilidades, surpresas e reviravoltas. Bagunce meu planejamento, lance pelos ares minha suficiência e onipotência. Mostre-me que perante a vida nunca deixei de ser uma formiga, enfileirada atrás de outras formigas, carregando sobre os ombros uma folha de oliveira, dedicada ao labor de sol a sol, na mesma linha sinuosa de toda a humanidade. Uma formiga pisoteável por quaisquer pés desatentos. Não me entenda errado. Não quero desprestigiar os benefícios da organização. Longe de mim levar à falência os coachs, os mentores, os consultores empresariais e os gurus do sucesso! É que... Não te dá vontade de largar as normas, as leis e os juízes ao chão e sair correndo, feito criança, para tomar banho de chuva? Não dá um impulso de arriar as calças, desblusar-se, e brincar nu de amarelinha? Não dá sede na boca da alma ao mentalizar aquele boteco da juventude onde ríamos com os amigos sem ter em nosso encalço uma dezena de boletos assassinos saídos dos filmes dos irmãos Coen? A conta bancária era um deserto. Sobrevivíamos como camelos. As moedas que apareciam eram agregadas em um rateio para comprar uma coxinha e um suco. Plena comunhão de salivas a cada dentada do próximo. Nojento, mas satisfatório. O Papai-Noel nos trazia brinquedos; agora descobrimos que o cachê dele é mais caro que o presente. Claro, o cotidiano exigia suas ordens: hora da escola, hora de almoçar, hora de assistir televisão, hora de dormir – prenúncio do que viria com o tempo, a idade e as responsabilidades. Para manter ordem no cosmo, e nada sair do lugar, temos que possuir mil vigas, mil telhados, mil calçamentos, mil negociatas, mil transações com banqueiros, em uma dança sistemática, pragmática e fria. Um passo fora do ritmo, e o balé do anfêmero desanda, o barraco vai abaixo e o morro desagua em avalanche. Nem sempre terminamos a leitura ou escrita de um texto com o mesmo pensamento. É uma das mais notáveis naturezas das palavras: acordam-nos por dentro. Nos primeiros parágrafos, afirmei que gostava de organizar meu ano velho em preparação ao ano novo. Mentira! Gosto mesmo é de me lançar da montanha (e sem asas), contemplar a aurora boreal pelado no Himalaia, escutar música alta, declamar poemas erógenos na frente de paróquias, garatujar as árvores do mundo com palavrões. Peço desculpas pelo arroubo de tais confissões. Não conte a ninguém que afirmei esses desvarios. Se alguém souber, se vazar, se viralizar, se aparecer no Fantástico, negarei até a morte. E processo quem espalhou! Jamais saiba o padre, o pastor, as carolas, os vizinhos, os fiscais do politicamente correto, o Fisco, os amigos e os familiares. Oficialmente, repito como um bom cidadão, cumpridor dos meus deveres: vida boa mesmo é a vida organizada, cama arrumada, madeixas penteadas, café com chantilly e morango. Deixe-me cuidar, o ano de 2023 está nos seus derradeiros estertores; o ano de 2024 está a caminho, preciso ajeitar tudo para recebê-lo. Mala com espaço, gavetas com sobras, terno e gravatas nos cabides, sala limpa, bule com chá de camomila, o livro Dez segredos para uma vida equilibrada devidamente lido, um sorriso largo no rosto, e a velha convicção de que terei domínio sobre os próximos 365..., digo, 366 dias, pois 2024 é ano bissexto. Feliz 2024 para todos os meus queridos leitores! Franciorlis ViannZa, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região. Compartilhe Facebook X (Twitter) WhatsApp Copiar link Anúncio MAIS COLUNAS ACERVO Olga Savary: uma mulher entre livros e lembranças CRÔNICAS Avião sem banco, cinto e porta OUZESABER Literatura outsider Antes Seguinte
- Extinção/ fusão da FUNTELPA e Fundação Cultural do Pará - a cultura paraense em polvorosa
A centralização das políticas culturais é prejudicial para o sistema cultural e, como sempre, os municípios paraenses afastados de Belém tendem a sofrer mais. / < Voltar Extinção/ fusão da FUNTELPA e Fundação Cultural do Pará - a cultura paraense em polvorosa Franciorlis ViannZa 11 de dez. de 2024 A centralização das políticas culturais é prejudicial para o sistema cultural e, como sempre, os municípios paraenses afastados de Belém tendem a sofrer mais. #OuZeSaber ! O Pará acordou com a notícia de votação, em breve, de reforma administrativa da máquina pública. Internet afora, surgem trechos do Projeto de Lei que versa sobre o tema. Nas redes sociais, Deputados informaram que constam alterações na Secretaria da Mulher, extinção/fusão da FUNTELPA e extinção/fusão da Fundação Cultural do Pará. As ambições do Governo com esse PL são lamentáveis. A centralização das políticas culturais é prejudicial para o sistema cultural e, como sempre, os municípios paraenses afastados de Belém tendem a sofrer mais. Uma única cabeça para gestar um reino anima a corte e oprime a plebe. Verdade se diga: FUNTELPA e FCP não se privaram, grossa margem, de priorizar o setor cultural da metrópole (ah, o velho metropolitismo institucional cravado na estrutura do poder!). Não obstante, nos últimos anos, ambas as instituições (principalmente a FCP) empreenderam passos tímidos, mas importantes para a interiorização. Anúncio Critiquei abertamente o projeto mais nocivo e metropolitista da história paraense - o famigerado Leitura por Todo o Pará -, mas elogio a presença da FCP em Feiras e ações de formação em regiões estratégicas do estado. Diria que a FCP, errando ou acertando, tenta. O mesmo vale para o trabalho desempenhado pela FUNTELPA, que volta e meia destaca temáticas relevantes para a população paraense. A extinção/fusão da FUNTELPA representa o fechamento de portas para muitas vozes dos ‘Parás’. Jamais apoiarei qualquer iniciativa que desmonte os mecanismos de apoio à cultura dos ‘Parás’. Há alguns anos, perdemos o Instituto de Artes do Pará sob o pretexto de que sua fusão com a FCP traria eficiência para a gestão, o que vimos foi o sumiço da filosofia de trabalho do IAP. Anúncio No Pará, não se confirma a máxima de que "vai-se o anel, ficam-se os dedos". Em fusões como as pleiteadas pelo PL da reforma (que também poderia ser chamado de PL do desmonte cultural), costuma-se sacar o braço inteiro, e nunca mais se volta. Vale destacar que o objeto do PL do desmonte não foi discutido com a sociedade, tampouco houve consulta aos trabalhadores da cultura. Faz-se à revelia do povo e à fórceps. Anoiteceu grávido, amanheceu parido. O inchaço da cesárea virá daqui a pouco, junto com as dores tardias. Que os deputados paraenses avaliem a sério as fraturas sociais que serão provocadas por essa reforma, e pesem, sobretudo, que na escala de carências futuras, o interior será o mais prejudicado. E o Governador Hélder sopese que, em termos de sistema cultural, qualquer cálculo que não seja de soma e multiplicação é terrível para a abrangência da mão do estado em território extenso e não qualitativamente integrado como o nosso. Franciorlis Viann Z a, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região. Compartilhe Facebook X (Twitter) WhatsApp Copiar link Anúncio MAIS COLUNAS ACERVO Olga Savary: uma mulher entre livros e lembranças CRÔNICAS Avião sem banco, cinto e porta OUZESABER Literatura outsider Antes Seguinte
- Uma Academia de Letras para os Marajós: o maior arquipélago flúviomarinho do mundo
O arquipélago do Marajó é um dos muitos rincões paraenses que sofre com a invisibilidade e exclusão. / < Voltar Uma Academia de Letras para os Marajós: o maior arquipélago flúviomarinho do mundo Franciorlis ViannZa 19 de fev. de 2024 O arquipélago do Marajó é um dos muitos rincões paraenses que sofre com a invisibilidade e exclusão. #OuZeSaber ! Até meados de 2022, conhecia o Marajó como a maioria das pessoas do Pará e de fora: por intermédio de relatos de viajantes, de imagens da internet e dos romances de Dalcídio Jurandir. Como toda visão teórica, minha leitura compreendia uma pequena parte; a outra (os 99% do iceberg), necessitava tocar, sentir, aspirar, enxergar as cores, provar os sabores do Marajó, prosear com seus habitantes, aprender o linguajar local, navegar seus rios, transpor as notícias enviesadas que recebemos, aportar em um Marajó para além dos estereótipos, das publicações em jornais e do fetichismo por uma mitopoética que acolhe o grafismo, as riquezas naturais, os búfalos e a cultura artística, mas ignora os dilemas do cotidiano ribeirinho. O arquipélago do Marajó é um dos muitos rincões paraenses que sofre com a invisibilidade e exclusão. Em contraste com a riqueza natural e humana, o Marajó frequenta fins de listas indesejadas de índices de desenvolvimento, saúde, saneamento e qualidade de vida. Um quadro que decorre da ausência ou incipiência de políticas públicas ao longo da história – quando a Máquina pública resolve dar as caras, costuma implementar projetos e ações sem escutar os maiores interessados: as comunidades que serão afetadas. Acreditar que sabe o que é o melhor para um território foi o grande erro do Sul e Sudeste com os programas para ocupação da Amazônia. Autoridades paroaras cometem sucessivamente o mesmo equívoco com o Marajó. O Marajó tem vozes que falam por si, sem a necessidade de intérpretes oriundos de cátedras, metrópoles ou impérios de comunicação. Descobri in loco que não existe um só Marajó, mas vários. Em termos de distribuição municipal, 17 cidades compõem o arquipélago (Limoeiro do Ajuru vem por aí...). Em termos de interregionalidade, conforme estudos de Agenor Sarraf, há o Marajó Oriental (Marajó dos Campos) e o Marajó Ocidental (Marajó das Florestas). Atrevidamente, incluo também um mapeamento mitopoético, dotado de geografia imensurável: o Marajó do Fausto; neste caso, existe um Marajó para cada encantado que por ali habita, assombra, assovia e se mete em mundiações para proteger a fauna, a flora e os moradores. Estive em dois municípios marajoaras: Breves e Ponta de Pedras. Na Praça do Operário, comunguei de momento ímpar com os amigos Vanderlei de Castro, Robert Lisboa, Ubiraci Conceição e Jolenas Nascimento, na companhia de um bom violão e cordéis que versavam sobre a história de Breves. Na Vila de Mangabeira, permiti que toda a transitividade do rio-mar me inundasse. Esses dois Marajós serviram como vislumbres de uma terra plural, intercultural e batalhadora. Um Pará que resiste bravamente contra o metropolitismo institucional, contra o preconceito e as distâncias endógenas e exógenas. Em sua luta contra a invisibilidade cultural, os escritores e escritoras marajoaras decidiram fundar uma Academia de Letras com abrangência regional, constituída por representantes de cada um dos 17 municípios. Dessa união de esforços e sonhos, surgiu a Academia Marajoara de Letras (AML), com existência de fato desde 2023. A partir dessa iniciativa, ocorreu um importante processo de aproximação entre os próprios marajoaras. Sim, outra quebra de paradigma acerca do Marajó: ir de um ponto ao outro do arquipélago nem sempre é tarefa fácil, por causa dos rios, das dimensões territoriais e dos custos para deslocamento. Durante o processo de solidificação da arcádia dos Marajós, os futuros imortais passaram a conviver mais (ainda que virtualmente), a compartilhar lutas, obras e projetos, e formaram uma irmandade, uma aristocracia dos pés no rio. Um ponto alto da última Feira Pan-Amazônica do Livro foi a participação de autores e autoras pertencentes ao silogeu. Recebi a notícia de que em 24 de fevereiro, deste ano, os marajoaras da arte e cultura se reunirão em Ponta de Pedras para fundar legalmente a Academia, com solenidade de posse dos imortais e muita cantoria por parte de um dos membros: Mestre Damasceno, salvaterrense, que também será empossado como membro da AML. Ponta de Pedras, onde nasceu Dalcídio, será palco de um momento histórico para os Marajós. Já estou de malas e cuias prontas. Pedi para a artesã Jaci Garcia uma roupa com a cor e cara local. 24 de fevereiro, os Parás se encontram nos Marajós para construção de uma ponte cultural entre os 17 municípios, com extensão para os outros 127 de cá, deste lado dos rios. Os Marajós têm vozes, e uma porção delas falará por intermédio da Academia Marajoara de Letras. Os demais Parás que escutem! Franciorlis ViannZa, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região. 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- MANIFESTO CRITICA AUSÊNCIA DA LITERATURA NA COP30 E PROPÕE CRIAÇÃO DO FÓRUM PERMANENTE
O documento pontua que foi um "erro crasso" não ter sido programado nenhum evento sobre literatura durante a COP30, realizada em Belém em novembro. / < Voltar MANIFESTO CRITICA AUSÊNCIA DA LITERATURA NA COP30 E PROPÕE CRIAÇÃO DO FÓRUM PERMANENTE Colaboração: Nélio Palheta, jornalista; Paulo Ferreira, Jornalista; Franciorlis Viannza, Presidente da FALPA 3 de dez. de 2025 O documento pontua que foi um "erro crasso" não ter sido programado nenhum evento sobre literatura durante a COP30, realizada em Belém em novembro. #OuZeSaber ! Escritores e agentes culturais reunidos em Belém, no dia 19 de novembro, no seminário Palavras da Amazônia, lançaram nesta quarta-feira, 3 de dezembro, um manifesto em defesa da literatura amazônica. O documento pontua que foi um "erro crasso" não ter sido programado nenhum evento sobre literatura durante a COP30, realizada em Belém em novembro. O evento Palavras da Amazônia foi promovido pela Federação das Academias de Letras do Pará (FALPA), na Casa da Linguagem, reunindo mais de 150 participantes entre escritores, educadores, alunos, pesquisadores, ativistas culturais e outros trabalhadores do cenário literário. Além de questões sobre a produção literária regional, os participantes discutiram políticas públicas, denunciaram o fechamento de bibliotecas e espaços de cultura, a ausência de práticas pedagógicas de leitura e escrita na rede pública e a falta de apoio e exclusão das vozes femininas na literatura. Anúncio O livro como direito constitucional O manifesto destaca a importância do livro como direito do cidadão garantido pela Constituição Nacional, mediante a execução de políticas públicas que abriguem programas de fomento à produção do livro, incentivo a novos talentos, incremento da circulação e estímulo à leitura e escrita como atividade pedagógica entre jovens e crianças matriculados na rede pública de ensino. O documento afirma que a literatura amazônica é secundarizada no contexto das políticas públicas culturais – produto do descaso ao direito constitucional do cidadão brasileiro à cultura. Ampliando a visão sobre esse aspecto, o manifesto faz referência ao estudo do crítico e ensaísta brasileiro Antonio Candido. No livro Sociologia da Literatura , ele lembra que a literatura é uma "ação humana indissociável da realidade social" e que faz parte do "todo social" e da natureza. Segundo o documento, o livro "é o instrumento que leva o homem a desvendar as complexidades do mundo em que vivemos". No caso amazônico, além do macroespectro do espaço e da natureza propriamente dita, o "todo" implica compreender a importância de ecossistemas regionais tão sagrados ao planeta. Compromissos internacionais Os pressupostos de que o livro é um direito do ser humano constam da Declaração dos Direitos Humanos e do Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Aprovado pelas Nações Unidas e em vigor desde 1976, o pacto compromete os Estados nacionais signatários "a promoverem a conservação, o desenvolvimento e a difusão da ciência e da cultura". O manifesto lembra ainda que a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural da UNESCO (2001) "é outro documento global a destacar que a diversidade cultural não deve ser usada para violar os direitos humanos". Imagem: Jéssica Gomes / Divulgação. Literatura e meio ambiente O documento dos escritores paraenses considera que o livro está intimamente ligado à questão ambiental por ser, também, meio de difusão de conhecimento sobre ecologia e defesa da floresta amazônica. Por isso, questiona a falta de interesse dos agentes locais que organizaram os eventos da COP30 pelo tema. Políticas públicas e instrumentos legais A análise do cenário regional da literatura foca em aspectos pertinentes às políticas públicas e conclama governantes para cumprirem recomendações do Plano Nacional de Cultura (PNC), do Sistema Nacional de Cultura (SNC) e do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL). Lançado em agosto de 2006, derivado da Lei de Diretrizes do Livro (Lei nº 10.753/2003), o PNLL é um instrumento até agora inócuo, apesar de em 2018 ter sido criada a Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE), por meio da Lei nº 13.696/2018. Por conta desses instrumentos legais, o manifesto recomenda que os municípios criem imediatamente as estruturas institucionais e funcionais (Conselho Municipal, Fundo financeiro e Conferência de cultura) que garantem o gerenciamento da cultura, contemplando a literatura como um direito da sociedade. Dados preocupantes Citando dados do IBGE e da Confederação Nacional de Municípios, o documento demonstra que o país não dispõe de dados atualizados sobre a existência – ou efetividade – de Conselhos Municipais de Cultura. Em 2021, cerca de 61,1% dos municípios brasileiros receberam recursos da Lei Aldir Blanc, indicando alguma estrutura de gestão cultural. Mas, naquela época, não havia garantia da existência de Conselhos de Cultura efetivamente ativos nos municípios. Em 2015, a CNM informava que a cultura estava fora das políticas públicas de 40% dos municípios. A entidade sugeriu que era uma taxa elevada decorrente da falta de Conselhos. Os autores do manifesto duvidam que esse quadro tenha mudado positivamente e afirmam que a falta dos institutos legais da cultura previstos pelo SNC prejudica a estruturação do setor em todo o país. Sem dúvida, a precariedade é maior no Norte. Imagem: Jéssica Gomes / Divulgação. Escritores amazônicos invisibilizados Ao elaborar uma relação de escritores amazônicos do passado e do presente – particularmente paraenses e amazonenses – além de escritores dos demais países da Pan-Amazônia, o manifesto afirma: "Infelizmente, a bibliografia da maioria dos autores amazônicos ainda é desconhecida de boa parte da população, sobretudo das novas gerações. Ignorados pela crítica e pela mídia – exceto raras exceções –, quase todos os autores são rejeitados pela indústria livreira de grande porte. Ausentes das bibliotecas mais interioranas, são pouco referidos pelas escolas". Propostas concretas Passando do discurso à prática, o manifesto propõe a criação de uma ação regional permanente de defesa e promoção da literatura da Amazônia, que terá o caráter de um fórum de escritores, agentes culturais, empreendedores e representações de entidades públicas e privadas. Sobre esse item, sugere que o fórum a ser criado tenha presença na próxima Feira Pan-Amazônica do Livro, promovida pelo governo do Pará, em Belém. O documento, assinado pela Federação das Academias de Letras do Pará, além de ser difundido pelas redes sociais, será enviado às autoridades públicas, parlamentares de toda a região e instituições culturais públicas e privadas. Este texto é uma colaboração: Nélio Palheta , jornalista; Paulo Ferreira , Jornalista; Franciorlis Viannza , Presidente da FALPA; todos são escritores na Amazônia paraense, vozes literárias da floresta. Baixe o Manisfesto AQUI Manifesto Palavras da Amazônia .pdf Fazer download de PDF • 26.40MB Franciorlis Viann Z a, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região. 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