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Círio e Chiquita: entre a Fé e a Liberdade, o coração de Belém pulsa em dois compassos
O sagrado e o pagão, a cidade se transforma em um grande palco de expressões, encontros e afetos

Por Estante Cultural — Belém(Pará),Amazônia.
11/10/2025
Belém do Pará — Em outubro, o coração da Amazônia bate em dois ritmos. Um deles é guiado pela fé e pela devoção a Nossa Senhora de Nazaré; o outro, pela liberdade e pela celebração da diversidade. O Círio de Nazaré e a Festa da Chiquita dividem o mesmo calendário, o mesmo chão e, sobretudo, o mesmo povo. Entre o sagrado e o profano, Belém se transforma em um grande palco de expressões, encontros e afetos.
A Festa da Chiquita, nascida no final dos anos 1970 como um ato de resistência LGBTQIA+, tornou-se um dos símbolos culturais mais importantes do Pará, reconhecida como patrimônio cultural imaterial. Criada pelo artista e militante Eloi Iglesias, a celebração ocorre tradicionalmente na noite da Trasladação, e transforma a Praça da República em um território de acolhimento, brilho e fé.
“A Festa da Chiquita é o espaço onde a comunidade LGBTQIA+ expressa sua fé e reivindica acesso a direitos fundamentais como casa, educação, saúde e amor. É a garantia de um território que também nos pertence”, afirma Eloi Iglesias, idealizador do evento.
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A convivência entre o Círio e a Chiquita é mais do que uma coincidência de datas — é uma metáfora da pluralidade paraense. Para Iglesias, ambas as manifestações têm um elo invisível: a fé.
“O Círio representa a fé, e a Chiquita busca garantir essa mesma fé e o acesso a ela. Fé não tem a ver com religião, embora algumas religiões se apropriem dela. A proximidade entre as duas celebrações está na fé e no direito de vivê-la”, destaca.
O tema da edição de 2025, “Chiquita para Sempre”, é um manifesto pela continuidade desse espaço conquistado. Segundo Eloi, o título reflete o desejo de permanência e reconhecimento.
“É a reafirmação de um espaço, de um lugar de fala e da própria celebração da Amazônia”, reforça.

A Chiquita também é pensada como um espaço de convivência entre todas as crenças, uma celebração da fé em seu sentido mais universal. “Trabalhamos com o conceito de fé, não de religião. A fé é o único instrumento de apaziguamento em tempos difíceis. Ela busca a paz — do mundo e do ser humano”, afirma Iglesias.
Em mensagem à Igreja e aos fiéis do Círio, o artista ressalta o valor do respeito e da coexistência. “Queremos garantir o espaço e a fé, dissociando-a da religião. A religião, às vezes, se vincula a ideologias; a fé, não. A fé está ligada ao amor — ao amor próprio e ao amor ao próximo. A Festa da Chiquita, embora pagã e não profana, é um espaço de amor e agregação, independentemente das crenças.”
Entre a corda do Círio e o brilho da Chiquita, o que se vê é o mesmo pulsar: a fé que move o povo paraense. Seja ajoelhado em prece ou dançando em liberdade, o paraense transforma sua fé em movimento — e faz da cidade um território sagrado de amor, resistência e esperança.
#Círio#Chiquita
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