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12 nov 2025

Brasil Conduz o Maior Encontro Indígena em Preparação para a Conferência do Clima


   Cerca de 2 mil representantes dos 391 povos indígenas do país participaram das atividades, que alcançaram 80 etnias distintas


Última etapa do ciclo foi em Porto Esperidião (MT) -  Imagem: Ascom MPI / Divulgação.
Última etapa do ciclo foi em Porto Esperidião (MT) -  Imagem: Ascom MPI / Divulgação.

Por Estante Cultural — Belém(Pará),Amazônia.

12/11/2025


O Brasil concluiu uma iniciativa de seis meses, o Ciclo COParente, que se consolidou como a mais extensa e abrangente mobilização de povos originários já realizada no país com foco em uma Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP). O esforço, liderado pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) em colaboração com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), envolveu uma série de reuniões em todas as unidades federativas e biomas nacionais.


O objetivo central do ciclo foi capacitar e informar as lideranças indígenas sobre a estrutura e a relevância da COP30, que será sediada em Belém, Pará. Cerca de 2 mil representantes dos 391 povos indígenas do país participaram das atividades, que alcançaram 80 etnias distintas.


A culminação dessa preparação se dá com a inauguração oficial da Aldeia COP nesta terça-feira, 11 de novembro, em Belém, um espaço dedicado a acolher os grupos de povos originários durante o evento.


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Representatividade Qualificada na Zona Azul

A estratégia faz parte de um compromisso mais amplo do Brasil, no âmbito do Círculo de Povos, para assegurar a maior participação indígena na história das COPs. As etapas do Ciclo COParente foram moldadas em conjunto com as lideranças locais, respeitando as especificidades de cada região.


Desse processo, foram selecionados 360 líderes indígenas brasileiros para atuar na Zona Azul da COP30, o ambiente onde ocorrem as negociações e diálogos oficiais entre as autoridades globais sobre questões climáticas. A escolha desses representantes foi conduzida pelo próprio movimento indígena, por intermédio da APIB e suas organizações de base.


A Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, enfatizou a importância do ciclo para a conscientização e o preparo dos participantes. "Estruturamos todo este processo para qualificar a presença e, assim, garantir que o mundo ouça, por meio desta participação, a contribuição fundamental que os indígenas já oferecem para o combate à crise climática: nosso modo de vida, os sistemas alimentares baseados na agroecologia, e as ações de recuperação florestal e de nascentes", declarou a titular do MPI.


A ministra acrescentou que a intenção é apresentar as demandas dos povos como guardiões dos territórios, mas também se posicionar como parte essencial da solução, lembrando que as maiores extensões de florestas preservadas do Brasil se encontram em terras indígenas. O termo "COParente" foi escolhido para a mobilização, utilizando o vocativo "parente", comum entre os povos indígenas para designar laços de união, independentemente de vínculos consanguíneos.


Ministra ressaltou que o ciclo foi essencial para conscientização dos povos. Imagem: Allan Torres/MPI / Divulgação.
Ministra ressaltou que o ciclo foi essencial para conscientização dos povos. Imagem: Allan Torres/MPI / Divulgação.

Reconhecimento e Financiamento Direto

Joenia Wapichana, presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), ressaltou que os debates do ciclo reforçaram uma constatação unânime: a prática dos povos indígenas está intrinsecamente ligada às pautas da COP. "Tudo se relaciona com o cuidado que temos com o solo, os mananciais hídricos, o uso dos saberes tradicionais para práticas sustentáveis. Percebemos que fazemos isso há muito tempo, mais do que a própria existência da COP. Agora, isso precisa ser reconhecido", afirmou.

Kleber Karipuna, coordenador executivo da APIB e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), considerou o Ciclo COParente crucial para assegurar uma representação qualificada na 30ª Conferência. Ele destacou que o ciclo garantiu uma presença massiva e bem distribuída de indígenas de todos os estados na Zona Azul.


Entre os principais resultados almejados pelos povos indígenas com esta participação histórica estão: o reconhecimento da proteção das florestas como medida crucial de mitigação climática; a inclusão da demarcação e gestão dos territórios indígenas como estratégia de mitigação; e a criação de canais de financiamento climático direto, que permitam o repasse de recursos diretamente às comunidades. O objetivo é fortalecer o papel desses povos na redução da emissão de carbono, possivelmente através de mecanismos como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).


O MPI planeja que o Ciclo COParente se torne um evento anual preparatório para todas as COPs, servindo de modelo para outras nações.



Fonte: COP30

 


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Franciorlis ViannZa - Escritor 

Paulo Ferreira - Escritor e Jornalista

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