
“Munjica” de caranguejo, puqueca de gó, sopa de ostra com leite de coco, sarnambi refogado: receitas tradicionais de populações dos manguezais do Pará estão reunidas no livro “Cozinha da Maré - As mulheres e a cultura alimentar nativa dos manguezais amazônicos do Pará”, lançado no começo do mês (05 de setembro), no site da campanha Mães do Mangue, em formato de e-book, como celebração ao Dia da Amazônia.
A publicação apresenta receitas e também histórias de vida das marisqueiras Adaiza Braga Correa, Edite Silva, Joana de Castro, Juliana Alves, Lourdes Souza, Maria Antônia Costa, Maria Brito, Maria da Silva, Maria do Socorro Souza, Marizete Araújo, Naldilene de Souza, Patrícia Farias, Sônia Corrêa, Sandra Gonçalves e Taciara Silva.
A realização é das organizações Rare, Purpose, Associações dos Usuários das Reservas Extrativistas Marinhas e Costeiras (AUREMs) e Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem), com apoio de Oceana, Ame o Tucunduba, Climainfo, Conservação Internacional, Instituto Manguezal, Instituto Nova Amazônia, Instituto Peabiru, Liga das Mulheres pelo Oceano, Toró – Gastronomia Sustentável.

Com iguarias culinárias das 12 Reservas Extrativistas (Resex) Marinhas e uma Área de Proteção Ambiental (APA), a APA Algodoal/Maiandeua, o livro está dividido em quatro partes: “Receitas entremarés”, com pratos da cultura alimentar de pescadoras e pescadores passadas por gerações; “Receitas de maré alta”, com preparos a partir de ingredientes frescos e temperos colhidos no tempo da natureza; “Receitas de mangues e raízes”, com as receitas de caranguejo, siri e o turu; e “Receitas Vazante em festa”, com pratos feitos com mandioca como a farofa de bicho de tucumã.
Angelina Rodrigues, da Resex de Soure, conta que muitas receitas são heranças de povos originários. “Eu nasci aqui, nasci nessa vida de tirar caranguejo, de ir para maré. Acho que o conhecimento que a gente tem veio dos índios que viviam aqui”, explica. Maria Brito, da Resex Mestre Lucindo completa, refletindo sobre a atividade pesqueira: “Eu aprendi acompanhando a minha mãe. Eu sustento minha família na mariscagem e para mim é como se fosse uma terapia, ficar aqui na maré, pensando na vida”.
No prefácio, a realizadora cultural Tainá Marajoara, do Instituto Iacitatá Amazônia Viva, destaca que as receitas fazem parte do patrimônio cultural alimentar dos extrativistas dos mangues da Amazônia e que revelam a harmonia com o ecossistema. “Um íntimo ritmo de cozinha, vida, mulheres e águas. A poética do cotidiano entre mariscagem, encantados, pescas, desafios (por vezes perigosos), lutas, proteções e sonhos que se transmutam em alimentos com sabores do mangal”, afirma no livro.

Sobre a Rare
A Associação Rare do Brasil é uma organização da sociedade civil fundada em 2014, que
atua na promoção da pesca artesanal sustentável na costa marinha brasileira. A organização vem implementando o programa “Pesca para Sempre” em diferentes países do mundo, e no Brasil foca os esforços no estado do Pará, fomentando a gestão de base
comunitária para a pesca na costa Amazônica. A Rare inspira mudanças para que as pessoas e a natureza prosperem. Saiba mais aqui.
Sobre a AUREMs
As Associações dos Usuários das Reservas Extrativistas Marinhas e Costeiras (AUREMs) visam a cooperação para manter o equilíbrio ecológico, a partir de estudos para o desenvolvimento de tecnologias alternativas para equacionar problemas sociais e desestabilização dos ecossistemas, a fim de garantir a conservação e preservação do meio ambiente, especialmente no combate a pobreza e a garantia de soberania alimentar das comunidades extrativistas tradicionais.

Serviço: O livro “Cozinha da Maré - As mulheres e a cultura alimentar nativa dos
manguezais amazônicos do Pará” - formato e-book. Disponível no site da campanha Mães do Mangue - www.maesdomangue.com.br
Texto: Dominik Giusti (91) 98107-8710 (Sorella Conteúdo)