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Ensaio fotográfico Manifesto Iaça, na luta contra a violência doméstica


Imagem: TARSILA MAQUIAVEL / Divulgação.

O Manifesto Iaça foi pensado para ser uma das ações possíveis de enfrentamento à violência doméstica. Através do registro fotográfico de mulheres vítimas deste tipo de agressão. Os retratos são acompanhados de uma frase padrão e uma palavra que signifique a opressão sofrida, por exemplo: “Não podia AMAMENTAR porque ele não queria”, “Não podia FALAR porque ele não queria”, etc. As personagens são mulheres em condição de vulnerabilidade socioeconômica, que precisam ser ouvidas e devem ser acolhidas, impedindo assim o apagamento dessas narrativas.




O açaí entra como um elemento não só estético, mas também como parte de um ritual, quase que espiritual de lavar a alma, lavar as nossas dores. Entra também como um ponto marcador de um território, a periferia em Belém. Em vários bairros de nossa cidade, o açaí é a base da alimentação de muitas pessoas, também faz parte da nossa cultura alimentar e mapa afetivo e espiritual. O projeto também é inspirado na força e potência de Iaçã, mulher indígena que faz parte da lenda do nascimento do açaí na Amazônia.





O projeto foi pensado e realizado pela multiartista paraense TARSILA MAQUIAVEL, segundo ela, todas as mulheres relataram ao término da performance, que sentiram-se mais forte, como se o açaí tivesse retirado todo aquele peso da violência vivida.



Tarsila é formada em Administração (UFPA) e Téc. Em Teatro (ETDUFPA), hoje está terminando a graduação em Lic. Em Teatro (UFPA). Mora e vive em Belém do Pará, o lugar que tanto a inspira. “Acredito que deveria ter feito outra graduação ou em Artes Visuais ou em Cinema, mas foi importante vivenciar e experienciar o teatro. A ETDUFPA, me abriu para diversos questionamentos que talvez se estivesse em outro local não teria refletido sobre”. Segundo a artista, “a mulher é o meu maior ponto de partida e reflexão na minha arte, costumo questionar padrões, denunciar violências, ter a escuta ativa para trocar, abraçar, se abraçar. Mulheres amazônidas são o meu norte, o meu porto seguro, a minha raiz e ancestralidade”.





“Sofri desde pequenas à grandes violências dentro da casa que nasci e cresci, ouvi xingamentos e piadas por ter engordado, era humilhada por não tirar notas altas na escola. Era corriqueiro acordar e ouvir que nunca seria nada, que mulher era estuprada porque tinha feito algo, entre outras coisas que não vou nem comentar. O fato era que o ódio a mulher, a misoginia era frequente em meu cotidiano, até que rompi com esses que tanto me humilharam simplesmente por ser mulher e não querer seguir os padrões que queriam pra mim. Consegui minha liberdade tardiamente, mas consegui. E hoje luto e procuro estar junto com outras mulheres, para que sejamos ouvidas. Falar faz bem, limpa a alma e o coração. Minha vontade é que outras consigam se libertar também. Ter liberdade não é fácil, ainda mais num país tão preconceituoso e machista como o nosso”.




“Espero que esse manifesto possa ajudar as mulheres a denunciar as suas violências vividas, que possa ser um condutor de mudanças positivas, de reflexões e questionamentos sobre a violência contra mulher, que nós mulheres não sejamos mais violentadas só pelo fato de ser mulher. Que possamos olhar e acolher umas as outras. Acho que as pequenas revoluções irão acontecer a partir de nós mulheres, e sim, juntas somos mais fortes, eu acredito”.





SERVIÇO

Manifesto Iaça está disponível em Mostra SESC Pará no YouTube. Projeto selecionado pelo Credenciamento no 20/0013 para Seleção de Propostas Culturais: Incentivo à Produção e Difusão Cultural e Ações Formativas – SESC – Lei Aldir Blanc Pará 2020.


Texto: Comunicação

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