O curta-metragem “Flor de Mururé”, dirigido por Marcos Corrêa e Priscila Duque, do grupo paraense Carimbó Cobra Venenosa, foi premiado com menção honrosa na 29ª edição do Festival Mix Brasil - Cultura da Diversidade, que aconteceu em São Paulo. Doze curtas metragens de diversas linguagens e regiões do país estavam competindo e a premiação aconteceu no último domingo no Museu da Imagem do Som, em São Paulo.
Flor de Mururé foi gravado em janeiro de 2021 em meio à pandemia. O trabalho reuniu mais de 80 pessoas e desde que foi lançado, em março de 2021, já passou por mais de 15 festivais nacionais e por 5 festivais internacionais, tendo inclusive exibições presenciais no Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte; e em São Paulo, sendo exibido como parte da programação do Mix Brasil. O filme será exibido amanhã, novamente no CineSesc SP como parte da programação de filmes premiados. O filme foi lançado em março desse ano e já foi exibido em quase todas as regiões do Brasil, exibido em festivais internacionais na Europa, América Latina, Estados unidos.
Participaram das gravações de “Flor de Mururé”, artistas da cena cultural independente de Belém, donas de casa, travestis, crianças, mulheres e homens cis e trans, mostrando que a luta por uma sociedade menos violenta é uma bandeira que precisa ser levantada por todos. A narrativa apresenta um episódio ficcional de violência, tendo como protagonista Gabriela Luz, atriz e travesti, que realizou, com a gravação de “Flor de Mururé”, seu primeiro trabalho após a transição de gênero. A trama, permeada pelo afrofuturismo amazônico, mistura elementos documentais e ficcionais com pitadas de surrealidade. As gravações aconteceram em Icoaraci e Outeiro. A produção, realizada pela Psica Produções, reuniu uma equipe majoritariamente feminina, LGBTQIA+, preta e periférica.
Também participaram das gravações, pessoas que moram em Icoaraci e Outeiro. “Nossa ideia foi reunir e valorizar principalmente as mulheres que moram nesses lugares. Sempre o que a gente vê nas gravações de filmes e novelas é utilizarem os espaços, mas trazerem todo o elenco de fora. Não concordamos com esse formato. Quisemos mostrar as belezas naturais de Icoaraci e Outeiro e, também, a população que vive nesses lugares, pra que se sentissem valorizados. Outro ponto foi que a além de participar das gravações, as pessoas de Icoaraci também trabalharam no filme, estimulando a geração de renda”, afirma Marcos Corrêa.
Alcance de distintos públicos: “Flor de Mururé” já conta com mais de 5 mil visualizações no youtube. O filme também foi disponibilizado gratuitamente nessa plataforma, com legendas em inglês e espanhol, para que pudesse alcançar públicos no exterior. “Nossa principal arma é a internet: por meio de divulgação gratuita, conseguimos alcançar espaços antes inimagináveis e pessoas de diferentes lugares. Já está mais do que na hora de a população preta e periférica ter visibilidade e voz, contando nossas próprias narrativas, alcançando premiações que antes nem conseguíamos concorrer. E que seja só o começo.”, conclui Marcos Corrêa.
Texto: Priscila Duque (91) 98357-1216 (Comunicação)
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