Neste final de semana, de sexta, 26, a domingo, 28, serão realizadas duas ações que trazem em si os alicerces de construção do Ficca – Festival Internacional do Caeté, criado há oito anos, em Bragança, uma roda de conversa, reunindo realizadores do Pará, São Paulo, Cabo Verde e Portugal para discutir o cinema negro, e as oficina que será ministrada de forma remota para moradores de uma comunidade quilombola de Bragança, cidade em que nasce o festival. A sexta edição do festival iniciou na quinta-feira, 25, e segue de modo virtual, pelo Youtube, até 5 de abril, numa realização, este ano, com apoio da Lei Aldir Blanc-Pa.
Nesta sexta-feira, 26, o tema da roda de conversa será “A Década Internacional de Afrodescendentes”, com transmissão a partir das 19h, pelo canal de Youtube do Ficca. Participam o cineasta Celso Prudente, pesquisador do CELACC/USP, Doutor em Cultura pela Universidade de São Paulo e Pós-Doutor em Linguística pelo Instituto de Estudos da Linguagem – IEL/UNICAMP, além de professor Associado da Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT.
Em 2015, inicia o período proclamado pela Assembleia Geral da ONU, a Década Internacional de Afrodescendentes (resolução 68/237), que vai ser encerrada em 2024. A iniciativa citou à época a necessidade de reforçar a cooperação nacional, regional e internacional em relação ao pleno aproveitamento dos direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos de pessoas afrodescendentes, bem como sua participação plena e igualitária em todos os aspectos da sociedade. Será que houve avanços?
“A ideia da mesa é, quiçá, criar um grupo de trabalho internacional para pautar o tema e apresentar propostas via academias e grupos de pesquisa e sensibilizar a sociedade civil ao diálogo sobre o tema e levantar denúncias e proposta de combate ao racismo e por melhores condições de vi à comunidades negras, onde quer que existam”, diz Francisco Weyl.
Quilombo América: Com mais de 300 anos de existência, o Quilombo do América é um espaço histórico de resistência negra dentro do município de Bragança. A comunidade, que hoje abriga quase 200 famílias, conseguiu ser reconhecida pela Fundação Palmares como remanescente quilombola em 2015, ano que marca também o início da parceria com o FICCA.
Atualmente, entre diversas pautas, a Associação de Remanescentes Quilombolas do América (ARQUIA) tem encabeçado a luta para que profissionais da educação nativos da comunidade possam ser efetivados na escola local. “Temos uma escola dentro do quilombo, mas ela não é quilombola. Como pode isso? Queremos que nossos professores sejam da comunidade. Que tenham carinho e afeto pelas nossas crianças, que entendam nossas questões”, explica Roseti Araújo, presidente da ARQUIA.
Para Roseti, a proximidade do festival com o Quilombo do América traz para os jovens da comunidade a chance não apenas de reverenciar esta história de luta, como também lança holofotes para as problemáticas atuais enfrentadas. “O FICCA movimenta nossa comunidade e também nos abre espaço para gritar por nossa sobrevivência. Resistir é o que fazemos desde sempre e contar com parcerias que chegam para somar, para capacitar nossos meninos, é uma ajuda valiosa”, diz.
A condução pedagógica das atividades será feita a partir de conteúdos disponibilizados nas mídias sociais, para estimular o participante a produzir e realizar vídeos curta metragens com telefone celular – que será usado para captação das imagens, edição e também distribuição dos conteúdos produzidos pelos participantes.
Serviço
6º FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté – Projeto selecionado
pelo edital Audiovisual – lei Aldir Blanc/PA. Programação de 25 de março a 5 de
abril de 2021, pelo canal do Youtube. Mais informações e
programação: ficca.net.br e redes sociais @ficcacinema.
Texto e Informações: Luciana Medeiros (91) 98134-7719 (Holofote Virtual)
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