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A força da mulher na cultura popular bragantina pelas lentes fotográficas de Karina Martins


FOLDER A4 - Imagem: Carina martins

“Beneditas” é um projeto da fotógrafa paraense Karina Martins que ficou em exposição na Galeria Theodoro Braga (Centur), de 10 de outubro a 1º de novembro deste ano. “Uma profusão de azuis e vermelhos que emergem das paredes expositivas e constelam sentidos aos corpos femininos que as exibem”, descreve um trecho do texto feito pela professora, mestra em Artes pela UFPA, Madalena Felinto, disponível no folheto que traz informações sobre a exposição.




E falando no feminino, é justamente este elemento que Karina destaca em suas fotografias. Registros que fazem um mergulho no vasto universo da Marujada. “Comecei a observar a presença e a força da mulher a partir de 2015. A Marujada é uma festa feminina, pois é organizada por mulheres, cuja a liderança é de uma mulher, já que é a capitoa é a líder máxima da festa – geralmente quem inicia a dança, convocando as outras mulheres para o barracão, dando início aos festejos. Os homens acabam tendo uma participação secundária”, observa a fotógrafa.




Para Karina as mulheres chamam mais atenção do que os homens, mesmo que ambos usem vestimentas padrões. “Elas se adornam e cada uma se torna diferente uma da outra, ao contrário dos homens que não se distinguem”, afirma. “De uns tempos pra cá, não estou mais focando em fotografar a festividade em si, e sim a participação das mulheres na Marujada. O que elas fazem? Como elas se preparam? Por qual motivo se vestem de determinado jeito? A mulher é muito mais gestual do que os homens. Os gestos delas, sobretudo na Marujada, dizem alguma coisa, principalmente os gestos das capitoas”, destaca.




“Eu acredito que essas mulheres precisavam ser mostradas com toda a sua grandiosidade. Vivemos num período no qual sofremos muito. Está difícil ser mulher no Brasil. Está difícil para mulheres urbanas, imagina para as mulheres da área rural, que enfrentam o machismo e várias limitações”.



A fotógrafa começou a acompanhar as festividades bragantinas a partir de 2014, porém, foi bem antes que se encantou com as manifestações culturais populares, tanto a Marujada quanto a Festividade de São Benedito. “Eu tinha 9 anos e estava na casa de um tio, no município de Primavera, quando presenciei a visita de uma das comitivas, acredito que da colônia. Foi algo que me marcou muito pelo fato das comitivas serem muito sonoras, por conta das ladainhas e dos benditos que são entoados, além dos instrumentos musicais. Essa mistura tem uma força, um poder muito forte dentro daquele latim caboclo. Posso dizer que aquele som me perseguiu durante um certo tempo da minha vida e eu o reencontrei em 2014”.



FOLDER A4-9 - Imagem: Carina Martins


Um desejo da fotógrafa Karina Martins


A idealizadora da exposição “Beneditas” almeja levar o projeto até Bragança, no mês de dezembro, justamente quando muitas das personagens que dão vida às suas fotografias estarão no município para participar da Marujada. Karina Martins só precisa de um espaço e de apoio logístico para levar e montar a exposição onde ela nasceu.




“Elas precisavam sair da condição de apenas pessoas fotografáveis, de pessoas exóticas para serem vistas apenas naquele período. Por trás de cada mulher dessa tem uma história, tem uma família, tem uma labuta. São mulheres provedoras dos seus lares, muitas são mãe e pai ao mesmo tempo. Eu precisava trazer elas (fotografadas) pra Belém, assim como preciso levar a exposição até elas, já que é mais pra elas se deslocarem até a capital”, revela Karina.



Sobre a artista:



Karina Martins - Imagem: arquivo pessoal

Karina Martins nasceu em Belém, capital do Pará, onde reside e trabalha. Seu primeiro contato com a fotografia ocorreu nas oficinas da Associação Fotoativa, Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia e Sesc Boulevard. É uma das fundadoras do coletivo fotográfico Olhar Analógico, é membro dos coletivos Manas e Somos o Norte, este último idealizador da 1ª exposição fotográfica no Brasil com imagens das manifestações de rua, ocorridas em maio e

junho de 2013.





Texto: Vivianny Matos (Jornalista Estante Cultural)

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